sábado, 30 de outubro de 2010

The Killing (1956)

Director: Stanley Kubrick

Do começo da carreira de Kubrick, somos presenteados com este "The Killing". Não alcança os níveis de alguns sucessos que a sua carreira ditou, mas sendo um dos primeiros filmes que realizou, apresenta-se a um nível muito bom, próprio de grandes mentes e a espelhar a promessa de uma carreira que fala por si.

O argumento baseia-se no planeamento de um grande golpe que encheria os bolsos do bando. Está minucioso e atractivo e acima de tudo apresenta já uma maturidade relevante e que torna o filme de grande valor. Só uma grande mente é que poderia preparar e planear este assalto. Esse alguém foi encarnado no papel de Johnny Clay (Sterling Hayden, numa performance muito boa).
Kubrick não quer contar nenhuma história perfeita e que coincida com um final que seja agradável a todos. Muito pelo contrário, o realizador tem a preocupação de construir um trama por vezes complexo e que enfoque nas personagens. A estrutura do filme não é linear, ou seja, o início torna-se um pouco ambíguo e difícil de nos enquadrarmos. Mas à medida que o filme vai avançando, torna-se meticulosamente esclarecedor e com um bom sabor no final.

Como tal, estamos perante um excelente produto para um início de carreira e a provar que melhores poderiam vir, que foi o caso. Um dos melhores realizadores que a história do cinema assistiu.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Lost Highway (1997)


Director: David Lynch

Confuso, tenebrosamente misterioso. Lost Highway bem ao estilo de David Lynch.
Como em grande parte dos seus filmes, ficamos susceptíveis a várias interpretações e raciocínios. Não, os seus filmes não têm uma construção linear e a certa medida ficamos com a ideia de estarmos perdidos no subconsciente de Lynch. Metamorfose, vozes do Diabo (Mysterious Man) se assim o entenderem, misterioso, claustrofóbico, o filme faz com que os personagens transgridam do real para o transcendente. O realizador apela ao virtuosismo e à imprevisibilidade dos espectadores para brincar com todo o seu enredo. Assim todo o produto fica perturbador e não conseguimos distinguir o que é lógico do que é psicologicamente criado.
É difícil de digerir e de opinar, mas não é nada que David Lynch não nos tenha habituado. A realização está soberba e tem passagens memoráveis que prendem o espectador ao ecrã.
Um produto fruto do cérebro elástico de Lynch!.

domingo, 17 de outubro de 2010

Husbands And Wives (1992)


Começo a achar que ninguém neste mundo compreende melhor o amor e as relações que Woody Allen. Pois é, aqui está mais uma verdadeira obra deste autor. O duelo amor/estabilidade permanece em debate, um dilema já comum e recorrente do pequeno génio.

Allen classificou este filme como um dos daqueles que mais gozo lhe deu. Não admira, ele coloca toda a sua excentricidade e o seu moralismo na tela. Aliás, este filme, a meu ver é mesmo um filme Woodyanesco. Quem é fã e seguidor, reconhece facilmente os traços sofisticados e moralistas que o argumenta carrega. A mentalidade pós modernista que o realizador incute na visão sobre as relações, salienta o seu pensamento e, a fim de contas, a realidade. Os casais cada vez menos conseguem fugir à rotina e às crises uns dos outros. É possível que aconteça por muitos factores como a carga horário do trabalho, a maior vida social que as pessoas vão tendo ou então à emancipação da mulher no mundo. Muitas razões que poderiam ser analisadas de um ponto de vista sociológico vêm ao de cima. No entanto o que Allen retrata é o espírito mais moderno e erudito dos casais. A procura de um casamento perfeito já não existe e aquilo que os casais sustentam é a companhia um do outro. A paixão deixa de existir, o diálogo (ou falta dele) passa a ser o mesmo, e a atracção por outras pessoas começa a impor-se. Vai resistindo devido ao medo da solidão.

O filme é o exemplo de uma veia mais poética do autor e uma viagem ao seu subconsciente traduzido nos seus livros. Uma psicanálise elaborada minuciosamente sobre o comportamento de todas as relações.
Os elementos culturais permanecem, como o gosto pela ópera e pela filosofia. As referências aos grandes intelectuais e o jazz são já uma constante dos seus filmes. Recomendo vivamente!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

(500) Days Of Summer (2009)


"Não devemos fazer de uma pequena coincidência um evento cósmico"
Mas também não devemos deixar de lutar por aquilo que nos fez sentir nas nuvens naquele pequeno instante.

(500) Days Of Summer foge ao rótulo de comédia romãntica. É muito mais do que isso. É uma história de amor que não é. É uma percepção que chega a ilusão. E tudo isto misturado com o Pop Hits dos anos 80.
Numa cidade como LA, onde rejuvenesce o experimentalismo e as relações modernas, encontramos Tom Hansen (Joseph Gordon-Levitt), um rapaz que se apaixona pela rapariga bonita e atraente do seu escritório. Mas acaba por criar uma percepção errada da relação que mantêm com Summer (Zooey Deschanel).
O argumento inteligente e consistente faz um retrato do movimento indie e do pensamento moderno. Summer não acredita no amor, algo que nos dias de hoje acontece com alguma frequência, fruto do desenvolvimento social.

Marc Webb consegue conduzir o público numa ideia nova, fresca e original, escapando à rotina que paira no cinema relativamente a este género. A construção não linear do argumento assenta muito bem e permite ao espectador perceber os vários estádios emocionais em que as personagens se encontram. Um excelente exercício cinematográfico.

sábado, 2 de outubro de 2010

The Event

Parece que se avizinha uma boa série. Se for dada a devida consistência e coerência ao argumento e ao plano de realização, então parece-me que estamos perante uma boa série. Para já contam-se dois episódios, mas deixou curiosidade e mistério, duas substâncias essenciais para atingir audiências e arrastar consigo uma legião de fãs. Contudo a mesma não se poderá deixar arrastar pelas comparações ou viver na sombra de séries com grande sucesso como Lost ou Fringe.