domingo, 17 de outubro de 2010

Husbands And Wives (1992)


Começo a achar que ninguém neste mundo compreende melhor o amor e as relações que Woody Allen. Pois é, aqui está mais uma verdadeira obra deste autor. O duelo amor/estabilidade permanece em debate, um dilema já comum e recorrente do pequeno génio.

Allen classificou este filme como um dos daqueles que mais gozo lhe deu. Não admira, ele coloca toda a sua excentricidade e o seu moralismo na tela. Aliás, este filme, a meu ver é mesmo um filme Woodyanesco. Quem é fã e seguidor, reconhece facilmente os traços sofisticados e moralistas que o argumenta carrega. A mentalidade pós modernista que o realizador incute na visão sobre as relações, salienta o seu pensamento e, a fim de contas, a realidade. Os casais cada vez menos conseguem fugir à rotina e às crises uns dos outros. É possível que aconteça por muitos factores como a carga horário do trabalho, a maior vida social que as pessoas vão tendo ou então à emancipação da mulher no mundo. Muitas razões que poderiam ser analisadas de um ponto de vista sociológico vêm ao de cima. No entanto o que Allen retrata é o espírito mais moderno e erudito dos casais. A procura de um casamento perfeito já não existe e aquilo que os casais sustentam é a companhia um do outro. A paixão deixa de existir, o diálogo (ou falta dele) passa a ser o mesmo, e a atracção por outras pessoas começa a impor-se. Vai resistindo devido ao medo da solidão.

O filme é o exemplo de uma veia mais poética do autor e uma viagem ao seu subconsciente traduzido nos seus livros. Uma psicanálise elaborada minuciosamente sobre o comportamento de todas as relações.
Os elementos culturais permanecem, como o gosto pela ópera e pela filosofia. As referências aos grandes intelectuais e o jazz são já uma constante dos seus filmes. Recomendo vivamente!

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